olho-o. retiro argumentos que validam a sua existência e as pálpebras escondem-se, enfatizando a inclinação para a poeira invisível que as ideias acumulam.
olho-o. retiro argumentos que validam a sua existência e as pálpebras escondem-se, enfatizando a inclinação para a poeira invisível que as ideias acumulam.
a ordem dos arquitetos não se deixou corromper e deu-me água espalhada por pontes ornamentadas em espaço aberto
sem um registo nobilitado, não posso imolar-me no companheirismo aprazível da solidão
altero o meu estado
tiro as abas de burro
pontapeio o passado
ponho à frente o futuro
entre o tristonho e o risonho, bebo o gozo das palavras
e na cadeira da autoanálise sou premiado
pelo doce encontro com o presente
a razão de registar ideias inatingíveis deve-se à necessidade de preencher a manhã que passa sem um pingo de mistério
o isolamento diminui a ordem mental, originando o vexame dos sonhos. Há potencia no querer, enquanto o desistir padece a alegria. Não é a avareza do embate social que socorre a sabedoria.
quero sair de mim e a carne não deixa, mesmo desabafando meiguices trémulas. Simulo a retirada.Penso com possessão e já ia longe quando chamei por mim, perplexo com a minha má educação de vadiamente levar comigo a consciência
até conduzia o resto da tarde,
se o meu querer não andasse com tanto gosto
Tenho muitas saudades vossas. Adoro o meu novo Agrupamento, mas não esqueço as ótimas experiências que tive na PG, mescladas com o arrependimento de não ter conseguido dar mais de mim, na vossa companhia.
A vida tem estranhos percursos que obrigatoriamente têm de ser percorridos.
Obrigado por me contrariarem e por me mostrarem que sou humano e, portanto, erro mais do que devia. Ficam no meu coração e grandemente contribuíram para ser melhor em pessoa e muito melhor professor.
Estou noutra realidade, mais próxima do que sou, mas mais enriquecida pelo que de vós tive. Visitar-vos-ei sempre que possa. Eternamente agradecido.
Ora tenho a calma em degrade correto, como a seguir dedico-me a ofertas de seios bolos de pastelaria latina.
Levo o belo nos braços.
Cascatas de júbilos embrulham o passado
na brisa que comigo parte.
tanto o sol encobre o vento
como a terra come o ar
tal e qual o pensamento
sempre sempre a questionar.
panorama onde deleito
num sentir que tanto quero
mas que lindo amor sem jeito
vê-se logo que exagero.
um momento aproveitado
gera um futuro distinto
fruto do lixo retirado
é presente pro que sinto.
A Máscara do Tempo
Que serenidade é esta que se abate em emoções estranhamente fáceis de reflectir. Talvez o sonho, com os reflexos de carências físicas envidraçadas no fumado, não deturpe o meu legado que sempre julguei resplandecente de magia.
A arte casou comigo
mas eu dela nada quero
todos pensam que a sigo
tendo em conta que a esmero.
(Heptassílabo ou Redondilha Maior)
O gosto pelo individual vem do criativo
e dos pensamentos escravos da forma roda da cabeça.
Os peixes, na água, saúdam-me com as migalhas dos esgotos e com os segredos dos enigmas nos escombros de Aveiro. A noite fecunda tem brilhantina venenosa e lantejoulas de origem grega, com uma tribuna atrevida a perguntar.
Acordar o íntimo em consonância com o deus Sol
que segue pleno pelo dia.
Parece que o exterior se despiu do seu monótono
e consagrou a volatilidade que todas as ilusões têm.
Legendo o passado porque o agora,
coberto de razão, não levanta um dedo.
Se fosse possível ignorar o frio fio da fome
estacava apaixonado pelo indiferente.
Há deuses que me guiam
mas sou que lhes pago,
que os demito e permito.
12 Outubro 2010 - 00:46:39 h
O insulamento é um exame ao agora,
efabulações entre o certo e o limiar da desforra.
São vinte e uma e trinta e sete e já não sei se o céu se anila ou escurece. Nesta altura deixo de ver a quietude das paredes, cadeiras, ancinhos, astrolábios, saboneteiras e também não uno os dedos porque senão colam, só romanceio sozinho como uma maçaneta ilustre que ninguém faz rodar.
Escrever um nada num gume de espada. Voltear, e de novo, dentro dum ovo, orações de santos aguçadas nos cantos repelem dos dias os prantos. Fico demente e de repente a flecha do real crava-me no ombro um punhal. Recupero do ruim e deixo de distrair-me de mim.
Estava sentado, a tentar desfrutar do que fazia e no entanto estava irritado sem saber o que queria. Foi aí que me deu um vaipe e percebi, sem fazer caso disso, que aquilo já estava sem vida e eu não queria reparar nisso.
Ao saborear o ar limpo alguém se queimou no mais sujo. Diz lá como foi, é que sem ver não posso crer, diz aos ouvidos mais abertos que o ar sujo é para os potes mal pensados, para os bobos desenterrados da ilusão da juventude.
Que truque de segunda preparar o dito para o transformar em bendito. Adoçante de cacau que me ralhas de mau, carro sem janelas com assentos de selas a viajar numa veia a uma orelha para espiar o injusto como se fosse um boato cusco. Fechar esta expressão anormal de uma forma singular. Desacreditar as rimas que são todas inimigas e trabalhar o vivido para melhorar o que é seguido.
Nunca compro nem vendo uma experiência
garanto, nem uma, nem duas, nem três
esse negócio só pode dar falência
ninguém sofre, ninguém ama em nossa vez.
(hendecassílabo)
Neste momento fecundo,
lembro-me de outras coisas do mundo,
sem fel nem asfalto vagabundo.
Ininterrupto persigo os meus passos e depois fujo deles receando os coices secos da sorte. Ferraduras partem a minha audácia, recupero e de novo fico hirto, sem músculos na face, sem valor no peito, sem poder de sobressair.
Reparo em esboços deste mundo, quadros malfadados e de cores virulentas decorados com a retrógrada ideia da perdição humana. Esquecem o céu que reflecte todos os sorrisos humanos e as nuvens brancas lançadas pelos poderosos sonhos dos ousados. Critico tais pintores e seus fãs. Este quadro não me agrada! Juntei algum dinheiro e comprei tintas mais vivas. Depois, cravei os olhos no mundo e com o meu arredio feitio cobri uma tela com um aspecto bem mais aprazível.
Dia em estado alegre de existir
numa normal graça imposta por um bem-estar afortunado.
Neste acto simples despeço a superficialidade,
de saco às costas a saborear a anatomia do bom senso.
Tudo é imperfeito na busca da mortalidade sem vícios.
Tudo é perfeito na busca da imortalidade com vícios.
Nestes dias primaveris, onde a hora adianta por uns meses e que coincidem com a lua de luz redonda, apetece-me ficar a olhar gandaiamente as historietas da natureza humana que andam enroladas, com muito engenho, nas pronúncias regionais, nos repuxos das fontes modernas, no néctar dos frutos mais suculentos, nas frases ditas com palrarias válidas, nos mimos, nas jigajogas, em fraques escuros, nas hortaliças velhas, em prognósticos inalienáveis e nas conjecturas unânimes de bonifrates autónomos.
É mais fácil escrever com tanques de metáforas
e ramos de alegorias
para expor de forma clara
o que por vezes não é assim tão evidente.
Se fujo das palavras elas perseguem-me.
Agarro-as e a minha atenção envolve e pensa.
Rasgar as teias para bloquear as veias, não respirar para evitar o constar. Transluzir o agora por detrás do escrito, remédio bendito nas palavras que dito. Emendar o erro que não sei se incorrecto ou se pouco mal feito.
São as cores que acedem às emoções e as misturam aos somatórios de gracinhas diversificadas.
Fácil é deixar a vida saltar como um voo de mosca,
por entre momentos agonizantes de sentimentalismo.
Que tamanho sentido existencial o imortal da criatividade demarcado da realidade.
Prefiro um murro e uma flecha no peito
que a vista dum templo com defeito.
Caem no meu espaço e misantropo arquivo espólios num oculto campo no regaço. Volto-me emergente e bóio incoerente. Contesto a falta de revolta. Alongo as pernas e nada me mata, nada me sacode desta esfera
corrida de sins.
sssUm refresco de indisciplina pinga e a agenda
cai directa num invólucro de discórdia.
Coxeio na rasteira para fugir à ratoeira
e espreito a vida para não bocejar em caçadeira.
Preparo o escudo e aprendo suicida.
Vulgarizo blasfémias, brumo cínico, vingo clínico.
Custa-me ver o dia desaparecer
sem um registo que o glorifique.
nos meus olhos um funil sempre rodado
o campo de visão muda, está louco
o que é belo fica gigante, ampliado
e o feio menos feio, menos um pouco.
(hendecassílabo)
O braço em vaivém e o tempo dá o que tem, enquanto rendo voos de serrote num tapete sem archote.
Recordar é amar-me endeusado.
Amargos cardos à vontade rolam! Eu, atento, continuo completo, o meu ser sou eu, o meu eu repleto. Distrai de prosa cai no metro. Não acertes. Ponto final de cinco em sete palavras e desmarcas a medida. Isso, escreve suave e sem escala! Digo escrúpulos, folo em júbilos, descrevo formas em cambalhota sem gravidade que me aperte.